Modelo morta em Santa Catarina é lembrada com música e manifestações artísticas

Foto: Charles Guerra (Diário)
Alunas da Royale Escola de Dança e Integração Social apresentaram performance com música de Mercedes Sosa

Entre abraços, arte e protestos, os amigos e familiares de Isadora Viana Costa, 22 anos, relembraram a modelo santa-marienses, na tarde deste sábado, na Praça dos Bombeiros, em Santa Maria. Isa, como é carinhosamente chamada pelos amigos, foi assassinada na manhã do no dia 8 de maio deste ano em Santa Catarina. Cerca de 150 pessoas participaram do ato. Vestidos com camisetas estampadas com a foto da modelo, amigos da família, ativistas e representantes de entidades que apoiam o fim da violência contra a mulher, chegavam com um mesmo propósito: pedir justiça. O caso deve ir aos tribunais como crime de feminicídio.

No dia 4 de julho, o namorado da jovem, Paulo Odilon Xisto Filho, foi denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina sob a acusação de ter matado a modelo. Ele está preso preventivamente desde o dia 16 de julho.

A programação contou com show de Renato Miraihl, Melina Vieira, Eduardo Agostta e Giana, apresentações da Royale Escola de Dança e do Grupo de Capoeira Candeeiro. A tarde ainda teria performance teatral 'Carne Vermelha' e Barbara Sebranel.

O pai de Isadora, Rogério Froner Costa, descreveu o evento como um tributo às mulheres e ao amor:

- Minha filha era uma menina que morreu por amor. Hoje, proponho que não só chorem, mas sorriam e aproveitem, porque ela gostava muito de música e de sorrir - disse.

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O amigo da família, Kalu da Cunha Flores, um dos coordenadores do Brique da Vila Belga, levou sua oficina de origami à praça e aproveitou para colorir a tarde nublada, decorando o local com os bichinhos de papel.

-  A ideia é deixar o lugar mais bonito, porque ela era uma menina ligada à beleza. Este ato é uma forma de abraçar os pais, estar junto e não deixar que a cidade esqueça o que aconteceu com ela. É também para evitar que mais casos como este aconteçam - explicou Kalu.

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Entre as entidades apoiadoras esteve a Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia em Santa Maria (AVTSM). O presidente, Sergio da Silva, pai de Augusto, 20 anos, um dos jovens mortos no incêndio da boate Kiss, em janeiro de 2013, falou da importância de lembrar de casos como o de Isadora:

- Temos uma sociedade que nos diz: já chega, esquece! Temos que repensar a sociedade que queremos. Está na hora da gente se colocar no lugar do outro - manifestou Sergio.

APOIO

Também estavam lá integrantes de grupos feministas de Santa Maria, Cpers/Sindicato, Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados de Santa Maria, Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa, Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria (Sedufsm), Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa, Comissão da Violência Contra a Mulher da Câmara dos Deputados, Comissão dos Direitos das Mulheres da Câmara dos Deputados, Bloco TPM (Meninas Feministas Percussionistas). 

O CASO

Isadora foi assassinada na manhã do dia 8 de maio deste ano, na cidade catarinense de Imbituba. A modelo, natural de Santa Maria, foi morta dentro do apartamento do namorado, que fica na área central da cidade catarinense. As investigações do caso tiveram início no dia do crime, quando a polícia foi acionada a comparecer no Hospital São Camilo com a informação de que Isadora morreu por causa desconhecida.

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O laudo da necropsia apontou que a jovem morreu por trauma abdominal, e o caso passou a ser investigado como feminicídio. Conforme o resultado do exame, ela morreu entre 6h20min e as 7h30min. Neste horário, apenas Isadora e o namorado estavam no local. No dia 4 de julho, o Ministério Público de Santa Catarina denunciou o namorado da modelo, Paulo Odilon Xisto Filho, de 36 anos, por homicídio qualificado por feminicídio e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, além de fraude processual, já que, segundo o MP, a cena do crime foi modificada a fim de induzir a perícia a erros.